O delegado interino de Pinheiral, Antonio Furtado, informou nesta quarta-feira (7) que novas vítimas de ataques virtuais procuraram a delegacia para denunciar casos de cyberbullying após a repercussão de um episódio envolvendo uma jornalista negra da cidade, que sofreu injúria racial e foi alvo de comentários preconceituosos em uma rede social. A denúncia da jornalista foi formalizada na segunda-feira (5), e desde então a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar os autores das postagens ofensivas. A informação da nova denúncia foi divulgada inicialmente no portal Foco Regional.
De acordo com Furtado, outras duas mulheres procuraram a unidade policial relatando terem sido vítimas do mesmo grupo virtual responsável pelos ataques. Seis pessoas já foram identificadas e intimadas a prestar depoimento. Uma delas está sendo investigada por racismo e cyberbullying, outras três apenas por cyberbullying, e duas respondem por injúria e difamação.
Um dos relatos mais comoventes é o de uma mulher de 46 anos, mãe solo de um adolescente autista de 14 anos. Ela contou que sofre ataques constantes há cerca de quatro anos, principalmente por sua aparência e por sua militância em defesa dos direitos do filho. Em 2023, o adolescente foi alvo direto de bullying virtual. Um perfil anônimo chegou a compará-lo a um animal de estimação, afirmando que deveria estar “na coleira”. A postagem também continha insinuações de ameaça, caso o jovem demonstrasse comportamento agressivo durante uma crise.
“Quando o autista está em crise, ele não consegue verbalizar. Tem rigidez cognitiva. Disseram que, se o ‘pet’ avançasse, não responderiam pelos atos. Isso foi uma ameaça clara contra o meu filho”, afirmou a mãe, emocionada, exibindo capturas de tela das mensagens recebidas. Ela já havia registrado um boletim de ocorrência anteriormente, mas o caso não avançou. Um dos participantes do grupo, que foi intimado anteriormente, não compareceu para esclarecer a autoria da conta falsa.
O delegado explicou que os crimes de injúria e difamação, por serem considerados de menor potencial ofensivo, estão sendo encaminhados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). Já os casos de cyberbullying e racismo podem acarretar penas mais severas, com possibilidade de até nove anos de reclusão.
“A prioridade é agir com rapidez diante de casos graves, sobretudo quando há forte repercussão social”, afirmou Furtado, destacando o comprometimento da Polícia Civil em garantir justiça às vítimas. As investigações continuam em andamento.