
Por um instante, pareceu que um tornado havia passado por São Januário — não daqueles que destroem, mas daqueles que, como no clássico “O Mágico de Oz”, transportam para um mundo novo, mais colorido, mais vivo, onde até o impossível começa a parecer real. Fernando Diniz, que chegou ao Vasco há apenas uma semana, já fez o torcedor cruzmaltino calçar os sapatos de rubi da esperança e se imaginar, enfim, num caminho dourado rumo a dias melhores.
Era noite de estreia no caldeirão de São Januário, com mais de 12 mil almas nas arquibancadas. E o que se viu em campo não foi um time apenas querendo vencer — foi um Vasco transformado, vibrante, envolvente. Em nove jogos antes disso, o Gigante da Colina colecionava empates e derrotas, dramas e desilusões. Mas contra o Fortaleza, no que foi, na minha opinião, a melhor apresentação do time na temporada, o Vasco ressurgiu.
Vegetti, o artilheiro que estava órfão de jogadas que lhe servissem, recebeu duas vezes — e guardou as duas. Nuno Pereira completou a festa com o dele. Mas mais do que os gols, foi a forma como eles aconteceram que encantou. As construções de jogadas, os toques rápidos, as movimentações ofensivas… tudo aquilo que é “marca registrada” de Fernando Diniz já deu as caras. Um passe de mágica em sete dias.
Sim, ainda é cedo. Diniz, como sabemos, não é um mago infalível. Seu estilo tem encantos, mas também perigos — e ele já pagou o preço da teimosia em passagens recentes como Cruzeiro e até no Fluminense, onde foi campeão da América, mas saiu pelas portas dos fundos. Mas o que importa agora é o presente, e no presente o Vasco parece jogar com alma, com ideias, com intensidade.
Depois de levar 4 a 1 na Venezuela e sofrer virada em Salvador com um jogador a mais, o Vasco precisava mais do que um técnico — precisava de um norte, de alguém que dissesse: “Há um lugar além do arco-íris”. E Diniz, agitado à beira do campo como um maestro que rege uma orquestra em crise, parece disposto a conduzir o time por essa estrada de tijolos amarelos.
Na próxima terça (20), o desafio é pela Copa do Brasil, contra o Operário, novamente em São Januário. Um novo capítulo, um novo teste. Mas o primeiro sinal foi claro: há vida, há jogo, há futuro. E para o torcedor vascaíno, tão calejado por temporadas cinzentas, ver o time jogar bem é como sair do Kansas em preto e branco e aterrissar, enfim, em Oz.
O Vasco voltou a sonhar. E talvez, só talvez, esse sonho tenha sotaque dinizista.