Uma possível contaminação na ração Forrage Horse, da empresa Nutratta Nutrição Animal, pode estar por trás da morte de dezenas de cavalos no Sul Fluminense e em outras regiões do país. Em Volta Redonda, oito animais morreram após apresentarem sintomas graves, e o número pode aumentar. Há suspeita de que a substância tóxica seja a monensina, um antibiótico comum na alimentação de bovinos, mas altamente letal para equinos.
A situação mais crítica ocorreu no Clube Hípico de Volta Redonda, que abrigava 52 cavalos, a maioria de competição. Segundo Christiane Carraro, integrante da diretoria do clube, os primeiros sinais de intoxicação surgiram em maio. “Os cavalos começaram a recusar a ração. Depois vieram os sintomas: falta de evacuação, danos neurológicos e hepáticos. A maioria não resistiu”, contou.
Veterinários que atuam no caso relataram que os tratamentos têm exigido cuidados intensivos, incluindo uso de antioxidantes, antibióticos, fisioterapia e até transfusões. A cardiologista veterinária Alessandra Ribeiro Lucena afirmou que o quadro clínico é compatível com intoxicação severa: “Já observamos disfunções cardíacas mesmo em animais com sintomas leves.”
A ração foi recolhida após as primeiras mortes em São Paulo, onde também foram registradas nove mortes e mais de 100 cavalos adoecidos. Em Volta Redonda, o criador Wander Folly afirmou ter perdido vários animais. “Estamos diante de uma tragédia. Já somamos cerca de 30 mortes só na região. A empresa ainda não se posicionou ou ofereceu ajuda.”
As autoridades iniciaram apurações. O Ministério da Agricultura e a Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Rio de Janeiro estão envolvidos nas investigações para determinar a origem do problema.
O presidente do Clube Hípico, Alan Rocha, destacou o esforço coletivo para salvar os animais sobreviventes. “Estamos mobilizados, contando com a solidariedade de profissionais e tutores. Mas é uma corrida contra o tempo.”
Até o momento, a empresa responsável pela ração não se manifestou publicamente sobre o caso.