
A Polícia Civil finalizou o inquérito que investigou a morte do advogado João Carlos Barros, de 61 anos, assassinado a facadas por um cliente dentro do escritório onde trabalhava, no Centro de Piraí, em 28 de outubro. A investigação também examinou a tentativa de homicídio contra a secretária do estabelecimento, de 43 anos, atacada logo após o advogado.
De acordo com o delegado Antonio Furtado, responsável pelo caso, todas as provas disponíveis foram analisadas em detalhes. “Requisitamos imagens, fizemos perícia no local, laudos cadavéricos, exame da arma usada pelo policial e ouvimos todas as testemunhas necessárias para elucidar os fatos”, declarou.
A investigação apontou que o cliente, Carlos Eduardo Reis, de 58 anos, estava exaltado por causa de um impasse relacionado ao recebimento de R$ 63 mil ganhos em um processo judicial. Ele insistia para que o valor fosse transferido para a conta profissional do advogado, temendo que, ao cair em sua própria conta, fosse bloqueado devido a uma dívida de R$ 130 mil com a ex-esposa — dívida esta decorrente do incêndio que ele provocou na casa onde moravam, em 2012.
O advogado recusou o pedido, explicando que a transferência configuraria fraude contra credores. Testemunhas relataram que, diante da negativa, o cliente passou a agir de forma agressiva e descontrolada. O inquérito também revelou que, no dia anterior ao crime, ele procurou outro advogado para assumir o caso e, ao ser recusado, teria afirmado que “mataria o Dr. João e que mais dois iriam para o saco”.
Relatos colhidos durante a investigação indicam que o agressor enfrentava um grave quadro psiquiátrico. O delegado informou ainda que não foi possível identificar quem seriam as outras pessoas citadas como possíveis futuras vítimas.
O relatório final já foi enviado ao Ministério Público. Em relação ao policial militar que atirou no agressor para impedir a morte da secretária, o delegado pediu arquivamento, ressaltando que a ação foi legítima defesa de terceiro.
“A dinâmica ficou completamente esclarecida. O esfaqueador agiu sozinho, movido por um transtorno severo e por um impulso de vingança. Ao atacar a secretária, o policial teve atuação decisiva para salvar sua vida. Sem a intervenção, ela fatalmente seria morta”, concluiu Furtado.



