O cerco está se fechando contra a poluição em Volta Redonda. Na última quinta-feira (12), o deputado estadual Jari Oliveira (PSB) se reuniu com o superintendente regional do IBAMA no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, para tratar de um tema que há décadas preocupa a cidade: a situação ambiental da Usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
O encontro teve clima de cobrança. O parlamentar reforçou seu total apoio à recomendação feita em conjunto pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), que exige uma atuação mais rigorosa do órgão federal na fiscalização da siderúrgica.
E a denúncia é grave: segundo os Ministérios Públicos, a CSN opera há décadas sem licenciamento ambiental definitivo, acumulando infrações, descumprimentos e rompendo sucessivos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), tudo isso sob a aparente omissão do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
“A CSN é essencial para Volta Redonda. Ninguém discute sua importância econômica. Mas também não se pode ignorar o direito da população de respirar um ar limpo e viver em uma cidade ambientalmente saudável”, declarou Jari, que também levou o debate até Brasília no mês passado, em reunião direta com o presidente nacional do IBAMA, Rodrigo Agostinho.
O parlamentar é autor do pedido de criação de uma CPI da Poluição, que pretende investigar não só os impactos ambientais da siderúrgica, mas também a possível omissão dos órgãos responsáveis pela fiscalização.
“Estamos falando da saúde de milhares de pessoas. A população de Volta Redonda convive, há anos, com a poluição que sai das chaminés. Chegou a hora de romper esse ciclo de impunidade ambiental”, alertou o deputado.
Além da atuação política, Jari destinou recursos para ações práticas: R$ 650 mil para a criação de uma estação de monitoramento da qualidade do ar em Volta Redonda e outros R$ 300 mil para equipamentos que irão medir a qualidade da água do Rio Paraíba do Sul, que abastece boa parte da região.
Agora, a expectativa cresce: o IBAMA vai assumir de vez a linha de frente dessa fiscalização? E, mais do que isso, a CPI da Poluição vai, de fato, abrir a caixa preta da degradação ambiental na cidade?
O desfecho desse embate pode mudar para sempre a relação entre desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental no Sul Fluminense.