
Uma assembleia marcada para o próximo dia 2 de julho, no Bliss Hotel, promete agitar os bastidores da tradicional Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, que administra o histórico Hospital Eufrásia Teixeira Leite. Na pauta, um único e decisivo item: a possível destituição da atual provedora, Soraia Setaro, e de toda a mesa administrativa da instituição. As informações foram divulgadas inicialmente pelo jornal Tribuna do Interior.
Soraia, que ocupa o principal cargo da Irmandade há 14 anos, é alvo de acusações graves, que vão desde suposta falsificação de documentos até a assinatura de contratos milionários sem a aprovação do Conselho de Administração.

Entre as denúncias, uma chama especialmente a atenção: um processo de usucapião de um imóvel da Irmandade, no Centro Histórico de Vassouras, que acabou em favor do próprio noivo da provedora, Hiago Athayde, por um valor muito abaixo do mercado. Vizinhos relatam que o imóvel, negociado por apenas R$ 200 mil, está passando por uma ampla reforma, mesmo sem nunca ter sido habitado pelos novos donos.
Outro ponto polêmico envolve um contrato que entregaria a gestão do hospital a uma Organização Social (OS). O Conselho de Administração rejeitou o acordo por não encontrar provas de que a OS tinha capacidade técnica ou financeira para administrar o HETL. Mesmo assim, segundo relatos, a provedora ignorou a decisão do Conselho e anunciou o contrato nas redes sociais, sem apresentar detalhes sobre a entidade que assumiria a unidade.
As denúncias não param por aí. Soraia também é acusada de falsificar uma ata para nomear um tesoureiro sem a aprovação do Conselho. O documento teria sido usado para garantir movimentações financeiras junto aos bancos. O caso já foi denunciado na 95ª Delegacia de Polícia de Vassouras.
Diante dos fatos, 69 irmãos da Irmandade estão convocados para decidir se a gestão atual deve ou não ser destituída. Basta a maioria simples dos presentes para que a saída da provedora seja aprovada.
O clima é de tensão e incerteza. Segundo conselheiros, está em jogo não apenas o comando da Irmandade, mas também o respeito à história, à vontade da benfeitora Eufrásia Teixeira Leite e à integridade dos bens que ela deixou para o povo de Vassouras.